Dados revelam disparidade na estruturação da segurança dos Estados, nas condições de trabalho e nas ações de combate
Uma série de pesquisas divulgada nesta terça-feira (19) pelo Ministério
da Justiça comprovou em números e dados científicos o que a sociedade já
desconfiava. A segurança pública do País "sofre de graves problemas de
gestão" e é aplicada "de forma empírica" e muitas vezes caótica nos
Estados, segundo informou, em entrevista, o ministro José Eduardo
Cardozo.
— O empirismo (derivado) da falta de informações precisas resulta em
ações malsucedidas e desperdício de dinheiro público. Historicamente,
gasta-se mal o pouco dinheiro que se tem", afirmou.
As pesquisas, divulgadas pela primeira vez em conjunto, fazem parte do
Sinesp (Sistema Nacional de Estatísticas em Segurança Pública e Justiça
Criminal), que vai balizar a definição de políticas públicas no País de
agora em diante.
Os Estados que não preencherem corretamente as informações sobre
criminalidade vão ser punidos com a suspensão dos repasses de recursos
federais, que somam mais de R$ 600 milhões ao ano.
Para Cardozo, o dinheiro federal "não vai mais sair pelo ladrão", mas só
com base em planejamento e em situações demonstráveis com toda
transparência.
Apenas 15 Estados, segundo o levantamento, já produzem informações de
boa qualidade sobre criminalidade. Em sete outros, a informação é de
baixa ou quase nenhuma qualidade, sendo que quatro deles não alimentam o
Sinesp. São eles Santa Catarina, que enfrenta uma onda de violência nas
últimas semanas, Amapá, Piauí e Roraima.
Outros cinco produzem boa informação, mas se recusam a repassá-las ao
sistema federal.
Disparidade entre Estados
Os dados das pesquisas revelam profunda disparidade na estruturação da
segurança dos Estados, nas condições de trabalho e nas ações de
enfrentamento ao crime. A mais emblemáticas delas (Perfil das
Instituições de Segurança Pública) revela que em 11 Estados há mais
armas do que policiais.
Mais da metade das delegacias do País não realiza ações integradas com
as polícias militares, contrariando uma norma definida em lei há mais de
cinco anos.
As condições de atuação policial também são distintas. Em São Paulo, a
Polícia Militar, com o maior efetivo (85 mil policiais), tem 136,2 mil
armas. Nos demais ocorre o contrário.
No Rio Grande do Norte e no Amazonas, por exemplo, existe uma arma para cada dois policiais. Em quatro unidades federativas (Espírito Santo, Paraná, Distrito Federal e São Paulo) há mais coletes à prova de bala do que policiais. No outro extremo, nos Estados do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Piauí e Paraíba, há um colete para cada quatro policiais. Em Roraima, nenhuma unidade da PM tem acesso à internet. Em Mato Grosso e Piauí, 56% das unidades policiais não possuem acesso à rede. Em Alagoas, Amazonas, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte, esse índice chega a 50%.
Em Santa Catarina, há apenas 20 unidades de polícia comunitária. São
Paulo, que também passou por grave crise de violência recentemente,
lidera o ranking, com mais de 480 unidades da chamada polícia de
proximidade.
FONTE:BLOG DO CABO HERONIDES
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